Após meses de reivindicações por parte da população e lideranças políticas da região, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) anunciou a abertura da licitação para a contratação da empresa que será responsável pela recuperação da ponte sobre o rio Salgado, na rodovia Fábio Talarico (SP-345), no trecho que liga os municípios de São José da Bela Vista e São Joaquim da Barra, no interior paulista.

A obra está orçada em R$ 3,4 milhões e é aguardada com grande expectativa pela população da região, que convive com os impactos da interdição desde o ano passado.

A informação foi confirmada pela deputada estadual Delegada Graciela, que desde o início do ano lidera um movimento regional pressionando o governo do Estado para que sejam tomadas providências em relação à situação da ponte. A parlamentar tem atuado como uma das principais vozes da região na cobrança de ações concretas, e comemorou o avanço da licitação, publicada no Diário Oficial do Estado na sexta-feira, 4 de abril.

Segundo o cronograma estabelecido pelo DER, a abertura das propostas das empresas interessadas em realizar a obra ocorrerá no dia 15 de maio. A expectativa é que, tão logo a empresa vencedora seja definida e o processo homologado, as obras possam ser iniciadas imediatamente. “A abertura da licitação é um passo importante para que a ponte seja finalmente recuperada. Desde janeiro venho cobrando do governo estadual uma solução para esse problema, que tem causado transtornos diários aos motoristas e elevado o risco de acidentes na região”, afirmou a deputada.

A ponte do rio Salgado está interditada desde novembro do ano passado, após a constatação de problemas estruturais que comprometem a segurança da travessia. Sem a ponte, os motoristas que trafegam entre São Joaquim da Barra e São José da Bela Vista precisam desviar pela rodovia Waldir Canevari, aumentando consideravelmente o trajeto. Além dos prejuízos logísticos, o desvio também representou um fator de risco adicional para os usuários da via alternativa.

A gravidade da situação foi escancarada no dia 20 de fevereiro, quando uma tragédia comoveu o país: uma carreta colidiu violentamente com um ônibus de universitários que retornavam para casa após um dia de aulas em Franca. O acidente aconteceu justamente na rodovia Waldir Canevari, utilizada como desvio da ponte interditada. Doze jovens perderam a vida no episódio, que gerou comoção e indignação em toda a região. As vítimas eram moradoras de São Joaquim da Barra e cidades vizinhas, e a tragédia levantou novamente o debate sobre as consequências da falta de infraestrutura nas rodovias do interior.

O acidente reforçou a necessidade urgente de obras na ponte e deu novo fôlego às cobranças por parte das autoridades locais. Em 12 de março, menos de um mês após o acidente, a deputada Delegada Graciela liderou uma comitiva de representantes das cidades de São Joaquim da Barra, Guará, Nuporanga e Ribeirão Corrente para uma reunião na Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, em São Paulo. O objetivo foi reforçar, diretamente ao governo estadual, a importância da recuperação imediata da ponte sobre o rio Salgado. “Cobramos mais uma vez ações do DER para a liberação da ponte. Não podemos esperar que tragédias como a que vivemos em fevereiro voltem a se repetir”, disse a deputada na ocasião.

Durante a reunião, o diretor do DER, José Carlos Rodrigues Alves, afirmou que o processo licitatório estava em fase final de preparação e que seria publicado em breve. Ele também explicou que o projeto executivo da obra já estava concluído e aprovado pelos órgãos competentes. Entre as intervenções previstas, estão o prolongamento de 10 metros nas cabeceiras da ponte, de ambos os lados, o que, segundo ele, aumentará a segurança da estrutura e oferecerá maior estabilidade ao tráfego de veículos. “Não estamos parados. As obras da ponte serão realizadas nos próximos meses. O projeto já está pronto e aprovado. Estamos tomando todas as providências para que o serviço seja executado com a maior brevidade possível”, garantiu o diretor.

A recuperação da ponte é considerada fundamental não apenas para restabelecer a normalidade do tráfego entre São Joaquim da Barra e São José da Bela Vista, mas também para assegurar a mobilidade de moradores de várias cidades vizinhas, que utilizam a rodovia Fábio Talarico como principal ligação com centros urbanos maiores, como Franca e Ribeirão Preto. Agricultores, estudantes, trabalhadores e transportadores da região têm enfrentado grandes dificuldades com a interdição, tanto em termos de tempo quanto de custos adicionais com transporte.

A previsão de que as obras comecem logo após a homologação da licitação representa um alívio para os moradores, que acompanham com preocupação o desenrolar do processo. No entanto, a expectativa é de que o governo estadual mantenha atenção constante à execução do contrato, garantindo que a empresa vencedora cumpra os prazos e critérios estabelecidos no edital. A região também reivindica maior fiscalização por parte dos órgãos competentes e mais transparência nas etapas da obra.

O caso da ponte do rio Salgado ilustra o quanto a infraestrutura viária ainda é um desafio em muitas regiões do interior paulista. Intervenções pontuais, embora necessárias, não substituem uma política contínua e planejada de manutenção e modernização das estradas estaduais. A deputada Graciela reforçou, em diversas ocasiões, que continuará acompanhando de perto o andamento da obra e seguirá cobrando o Estado para que outros trechos em situação crítica também recebam atenção. “Nosso compromisso é com a segurança da população. Não podemos mais aceitar que a falta de manutenção e de investimentos em infraestrutura coloque vidas em risco”, concluiu.

A população agora aguarda o próximo passo: a definição da empresa responsável pela obra e o início efetivo das intervenções. A ponte do rio Salgado, hoje símbolo de abandono, pode em breve se transformar em exemplo de mobilização coletiva e resposta eficaz do poder público. Mas até que isso se concretize, a vigilância da sociedade e a atuação firme das lideranças continuam sendo essenciais.