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Thiago Rocioli
Da Redação
Foto: Reprodução
A relação entre a Igreja Católica e a música é intrínseca, remontando a séculos de história e influenciando profundamente o desenvolvimento da teoria e prática musical. Desde os primórdios do cristianismo, a música desempenhou um papel fundamental nas celebrações litúrgicas, servindo como veículo para a expressão da fé.
Um dos marcos mais significativos dessa relação é o canto gregoriano, um estilo musical monofônico e a capella que se desenvolveu na Idade Média. Atribuído ao Papa Gregório Magno, o canto gregoriano se tornou a forma musical oficial da Igreja Católica, unificando as práticas musicais em toda a Europa. A melodia serena e contemplativa do canto gregoriano, com suas notas musicais cuidadosamente ordenadas, criava uma atmosfera de reverência e espiritualidade nas celebrações religiosas.
Além de seu valor litúrgico, o canto gregoriano também desempenhou um papel crucial na preservação e transmissão do conhecimento musical. A notação musical, como a conhecemos hoje, começou a se desenvolver a partir dos neumas, símbolos utilizados para indicar a direção melódica do canto gregoriano. Monges copistas dedicavam suas vidas à transcrição e preservação dos manuscritos musicais, garantindo a continuidade da tradição. A conexão entre a Igreja e a música vai além do canto gregoriano. A Igreja Católica sempre valorizou a música como forma de arte e expressão, incentivando o desenvolvimento de novas formas musicais e o uso de instrumentos musicais nas celebrações. A música sacra, com suas complexas harmonias e emocionantes melodias, atingiu seu apogeu no período barroco, com compositores como Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Handel criando obras-primas que ecoam até os dias de hoje.
A atribuição da criação dos nomes das notas musicais é feita a Guido de Arezzo, um monge beneditino italiano que viveu por volta do século XI. Ele é considerado o “pai da notação musical moderna”. A conexão com São João Batista surge porque Guido de Arezzo utilizou as primeiras sílabas de um hino latino dedicado ao primo de Jesus, São João Batista, para nomear as notas musicais:
Portanto, enquanto a inspiração para os nomes das notas veio de um hino a São João Batista, a criação do sistema é atribuída a Guido de Arezzo. A influência da Igreja na música não se limita ao passado. A música sacra continua a ser uma parte integrante das celebrações religiosas em todo o mundo, e muitos compositores contemporâneos se inspiram nas tradições musicais da Igreja para criar novas obras.
O canto, seja em coro ou individual, é uma forma de oração e louvor a Deus. O controle da respiração permite ao cantor sustentar as notas musicais, modular o volume e expressar as emoções da música. O canto gregoriano, em particular, exige um controle preciso da respiração. As longas frases melódicas e a ausência de acompanhamento instrumental exigem que os cantores dominem a técnica da respiração diafragmática, utilizando o diafragma como um “pulmão” para sustentar o som.
A música e o papa
A música desempenhou um papel crucial na expansão da fé católica, especialmente através do trabalho missionário. O Papa Francisco, atual líder da Igreja Católica, é Jesuíta, uma ordem religiosa que teve um papel fundamental na catequização de povos ao redor do mundo, inclusive o povo indígenas. Os Jesuítas utilizaram a música como uma alfabetizar, catequizar e evangelizar os povos.
Papa Francisco tem um gosto musical bastante eclético que vai de Mozart a canções populares como “Vive Jesus el Señor”, entoada por milhares de fiéis, a pedido dele, no encontro internacional da Renovação Carismática Catolica, em 2014, em Roma. Em algumas entrevistas, o pontífice afirmou que o gostou pela música erudita é uma herança da mãe, Regina Maria Sivori, que fazia questão de escutar obras líricas diariamente em casa, despertando a curiosidade do pequeno Jorge Mário Bergoglio, o papa Francisco. Em entrevista ao jornal espanhol Razon y fé, Francisco também disse que Bach e Bethoven também estão entre seus favoritos.
O santo padre jamais negaria as suas raizes. Sendo assim, o tango, sem duvida, faz parte da playlist. Alguns dos expoentes do gênero musical apreciados pelo papa são: Carlos Gardel, Julio Rosa e Ada Falcon.
Bom pra memória!
O canto, a dança e o teatro musical se tornaram instrumentos de ensino, facilitando a compreensão e a memorização dos princípios religiosos. As melodias, cuidadosamente elaboradas, serviam como um recurso mnemônico, facilitando a memorização e a recitação dos textos. A repetição das melodias e a associação com as palavras criavam um vínculo forte na memória, permitindo que os monges e outros membros da Igreja memorizassem grandes quantidades de informação.
A música, portanto, é um elemento essencial na relação entre a Igreja Católica e seus fiéis. Ela serve como forma de oração, expressão da fé, preservação da tradição e transmissão do conhecimento. A voz humana, instrumento musical divino, é utilizada para louvar a Deus e conectar os fiéis com o sagrado. A respiração, elemento vital para a produção vocal, é fundamental para o canto e para a saúde do corpo e da alma.
A Igreja Católica, ao longo de sua história, tem sido uma das maiores incentivadoras da música, desde o canto gregoriano até a música sacra contemporânea. A música, como forma de arte e expressão da fé, continua a desempenhar um papel fundamental na vida da Igreja e de seus fiéis.