Adotar um animal é um gesto de amor e solidariedade, mas também uma decisão que exige responsabilidade e planejamento. A adoção responsável é mais do que abrir as portas de casa para um animal em situação de abandono; é um compromisso com o bem-estar e a dignidade do ser vivo que passará a integrar a família.

No Brasil, a estimativa é de que existam cerca de 30 milhões de animais abandonados, entre cães e gatos. Por trás desses números, encontram-se histórias de sofrimento, negligência e maus-tratos. A solução para essa problemática não está apenas em resgates e abrigos superlotados, mas na educação da sociedade sobre o que significa adotar de forma responsável.

Os pilares da adoção responsável

Adotar um animal não deve ser uma decisão impulsiva. Antes de acolher um novo membro na família, é essencial considerar:

1. Compromisso de longo prazo: Animais de estimação, como cães e gatos, podem viver até 15 ou 20 anos. Durante esse tempo, eles exigirão cuidados, alimentação, assistência veterinária, carinho e atenção;

2. Condições financeiras e estruturais: É importante avaliar se a família tem condições de arcar com os custos de alimentação de qualidade, vacinas, consultas veterinárias e eventuais emergências. Além disso, é necessário verificar se o ambiente doméstico é adequado para o animal;

3. Rotina e convivência: O animal fará parte do dia a dia da família. Isso inclui passeios, brincadeiras, interação com outros membros e adaptações à rotina para garantir o bem-estar dele;

4. Castração: Castrar o animal é uma atitude fundamental para evitar crias indesejadas e contribuir para o controle populacional, reduzindo o abandono;

5. Escolha consciente: Antes de adotar, é importante conhecer o perfil do animal. Animais mais jovens, idosos ou com necessidades especiais demandam níveis diferentes de cuidado. A afinidade entre o estilo de vida da família e as necessidades do animal é crucial para garantir uma convivência harmoniosa.

O papel do poder público e da sociedade

A adoção responsável também é uma questão de política pública. É essencial que os municípios promovam campanhas educativas, programas de castração e estímulo à adoção, além de combater o comércio ilegal de animais e os maus-tratos.

A sociedade, por sua vez, tem o papel de conscientizar-se sobre a importância de adotar em vez de comprar. Os abrigos e ONGs estão repletos de animais aguardando uma segunda chance. Adotar um animal resgatado significa não apenas salvar uma vida, mas abrir espaço para que outros sejam acolhidos.

Educar, Castrar e Doar: A trilogia da mudança

Como defensora da causa animal, enfatizo a importância de educar a população sobre os direitos dos animais, promover a castração como ferramenta de controle populacional e incentivar a doação responsável. Essas ações interligadas são pilares para reduzir o abandono e promover a guarda responsável.

Adotar um animal é um ato de amor que transforma vidas – a do adotante e a do animal. Contudo, só será uma transformação positiva se feita com consciência e responsabilidade. A adoção responsável é a chave para um futuro em que cada animal tenha a oportunidade de viver com dignidade, respeito e carinho.

Enquanto advogada e ativista, reafirmo meu compromisso em lutar por políticas públicas que promovam a guarda responsável e o bem-estar animal, porque acredito que a causa animal é também uma causa social. O futuro depende de nossas escolhas. Que sejamos responsáveis com aqueles que dependem de nós para viver.

Advogada especialista em Direito Animal e Ativista. É articulista voluntária para o Portal do Rocioli e Radioweb Pulsar. Pode ser encontrada nas redes sociais pelo @maysakaluf